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Shelfari: Book reviews on your book blog

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    sexta-feira, 13 de novembro de 2009

    segunda-feira, 9 de novembro de 2009

    mulheres limitadas



    Estranhando a relação de figuras e tão vasto interesse pelo sexo oposto?
    Calma! Nada feito para abalar as mentes ocupadas dos alunos da UNIBAN, nem dos afoitos ou nem tanto leitores da Feira do Livro de Porto Alegre ou sequer os velhinhos puritanos de outra Feira do Livro, esta em Braga, Portugal no início do ano.
    Nesta última, leitores se viram ofendidos por obra lançada com capa reproduzindo quadro de 1866 de Courbet! Ao centro detalhe de marca páginas de campanha publicitária da Feira do Livro de Porto ALegre, cujo tema já rendeu três artigos num jornal da cidade. Um contra a campanha com as pernas. Outra apoiando os publicitários. E uma terceira criticando a censura ao texto censurador.
    Por último, e não menos polêmica a perseguição à estudante Geyse por alunos e alunas enlouquecidos durante uma noite quente de São Paulo, somente pela moça estar trajando o modelito acima. Resumo da ópera? a moça foi considerada culpada pela "Universidade?" e expulsa!!!!
    Ficam os links para quem quiser entrar na balada e as perguntas: Somos donos do limite da moralidade? Qual moralidade? O que é limite? O que para alguns é motivo de vulgaridade (uma cinta-liga), para outros é a realização da emancipação (liberdade de aceitação do próprio corpo)?

    sexta-feira, 6 de novembro de 2009

    Entenda o aumento de salário do governo gaúcho!

    A magia dos números em suas mãos!

    Acredite no governo!





    um oferecimento:

    pitágoras pentagramius

    sexta-feira, 16 de outubro de 2009

    Musicircus



    Musicircus
    Dia 17 de outubro
    Cais do Porto – Armazém A7



    A 7 ª Bienal do Mercosul convida artistas de todas as disciplinas para participar da performance Musicircus, criada por John Cage e realizada pela primeira vez em 1967, na Universidade de Illinois. O evento vai reunir músicos, artistas sonoros, atores, intérpretes, poetas, artistas plásticos e muitos outros, num evento de pura imagem e som.

    Musicircus reúne muitos dos principais conceitos de Cage. Sua primeira edição foi realizada com uma seleção de músicos, artistas, compositores, bailarinos e poetas em um grande espaço, onde a audiência tinha a liberdade de circular livremente. Um espaço repleto de luz, projeções de imagem e som, complementado por bebidas e petiscos, como em um circo. A intenção de Cage foi criar uma situação em que tanto a criação artística quanto a experiência do público pudessem ser compartilhadas, sem ditar uma estética única ou superior as demais. Sua principal preocupação foi demonstrar, num contexto real de espetáculo, que tanto a produção quanto a experiência da música devem ser processos colaborativos e inteiramente democráticos, que não podem ser regidos por um ego dominante. O resultado foi um ambiente de improvisação simultânea tanto de intérpretes quanto de público, onde cada indivíduo presente possuía autonomia, dentro de uma composição global de múltiplos estímulos.

    Por outro lado, Musicircus é também um exemplo de como Cage estimulava a recreação, tendo sido sua esperança que este evento (entre outros) pudesse ser realizado em qualquer tempo ou lugar, sem a sua presença, mas apenas seguindo o princípio básico que ficou estabelecido durante a primeira manifestação; neste caso, em 1967. Desde então, essa performance foi realizada inúmeras vezes - em San Francisco, Chicago, Melbourne, e Londres, entre outras cidades - tanto antes como depois da morte de Cage. É em sintonia com estas idéias que a 7ª Bienal do Mercosul realizará Musicircus no Cais do Porto, em Porto Alegre, no dia 17 de Outubro de 2009. A realização deste Musicircus será possível graças ao inestimável aconselhamento e orientação de Laura Kuhn, diretora executiva da John Cage Trust, em Nova York.

    A participação é espontânea e a 7ª Bienal do Mercosul não irá remunerar os artistas interessados, nem mesmo cobrirá despesas de viagem/ transporte. Após o período de inscrições, um calendário do evento será criado ao acaso, sob a orientação do I Ching. Os artistas selecionados serão informados com antecedência sobre quais obras serão executadas, bem como sobre sua localização para cada performance, e seu tempo de participação no evento. A inscrição é aberta a todos os artistas com base em Porto Alegre, bem como aqueles de diversos países e origens que participam na 7 ª Bienal Mercosul. Também é aberta a seguidores de John Cage, interessados em sua vida e de trabalho, onde quer que estejam.

    Núcleo 5
    17:00 – Bailarinos que dizem Ni – Adernove – dança contemporânea
    17:30 – Paulo Vega Jr. – Sinta o espaço – Performance
    17:52 – Carlos Pinto – Máquina do Tempo – Performance, dança, teatro
    18:24 – Fernanda Bec e Laura Bortolazza – Peso – artes visuais
    18:52 – Analivia Cordeiro – Strep Tease ao acaso – dança moderna contemporânea
    19:40 – Mariana Konrad – Palavras entre atas – performance artística


    Núcleo 8
    17:00 – Mariana Konrad – Está Precisando de Alguma Coisa? – performance artística
    17:28 – Patrícia Soso – O chamado – performance artística corporal
    17:54 – Contraqueda – Estado de Espera – circo urbano
    18:16 – Carlos Pinto – Hip Hop – dança hip hop
    19:26 – Grupo Mantra – A Dança Sagrada e a Música do Coração – arte indiana – música e dança
    Caminhada Literária percorre Centro

    Mais uma edição da Caminhada Literária será realizada no sábado, com saída às 10h no Totem dos Antiquários, na Praça Daltro Filho, Centro Histórico de Porto Alegre.

    O passeio faz parte dos roteiros do programa Viva o Centro a Pé e será orientado pelo escritor e professor da UFRGS, Luís Augusto Fischer.

    Quem quiser participar da Caminhada Literária pode se inscrever pelo e-mail vivaocentroape@gmail.com. O valor é um litro de leite ou um quilo de arroz ou de feijão.

    Confira
    - Roteiro: inclui o Viaduto Otávio Rocha, Livraria do Globo (Rua da Praia), Chalé da Praça 15, Mercado Público e Praça da Alfândega
    - Tempo: aproximadamente duas horas
    - Atenção: em caso de chuva, o evento será transferido para o sábado seguinte

    Fonte: ZERO HORA

    SACANAGEM COM PROFESSORES...

    RS fora de plano para professor

    O Rio Grande do Sul ficou de fora do Plano Nacional de Formação de Professores do governo federal porque não assinou convênio com o Ministério da Educação. A informação foi divulgada ontem pelo ministro Fernando Haddad.

    A Secretaria da Educação informou que o Estado ficou de fora porque os valores oferecidos pelo MEC não atraíram as universidades. Para as bolsas em 2010, a SEC aguarda a convocação do ministério para o convênio.
    Fonte: Zero Hora


    Após a notícia fica a pergunta: somente o governo federal é reponsável pela formação dos professores? O (PSDBeudo) Governo do Estado simplesmente dá uma resposta desta e nem tem vergonha na cara de admitir que não move uma palha para que a situação se reverta. Oferece no máximo cursinho de informática nos NTEs para que o professor retorne à escola e "trabalhe" em computadores com pouca memória e Linux desatualizados. Sem esquecer que os computadores também foram fornecidos pelo Governo Federal!!! A bufante ex-Secretária Marisa agora assompra os pagos paulistas (que Deus tenha piedade deles) e ficou esta herança de nada mais nada, ou nada². A única sorte nossa mesmo é saber que os governos têm fim...

    domingo, 4 de outubro de 2009

    JANINE ANTONI

    assisti a uma palestra Pré-bienal no Santander Cultural, proferida por Estêvão Haeser e Jorge Bucksdriker falando sobre a Mostra Ficções do Invisível que trará a artista cujo vídeo posto abaixo:

    vai ser legal...

    sexta-feira, 11 de setembro de 2009

    SOLETRANDO, OU UM JEITO NOVO DE ENGANAR?

    Navegando dia destes me deparei com o vídeo abaixo:



    uma jóia televisiva, não? Ou o que seria novamente um pequeno complô contra a inteligência do telespectador... ops... telespectador não tem inteligência.

    Observe que NA PÁGINA DA GLOBO onde este vídeo completo da final (algo tão importante para um canal de TV COMERCIAL) deveria estar a disposição, ele simplesmente foi deletado. E fiquei então me perguntando... Seria mais uma lenda urbana? Uma lenda da internet? Um complô? Uma tentativa de fazer caridade? Burrice mesmo? Ingenuidade?

    sexta-feira, 21 de agosto de 2009

    RAUL SEIXAS

    Tente Outra Vez

    Raul Seixas

    Composição: Raul Seixas / Marcelo Motta / Paulo Coelho

    Veja!
    Não diga que a canção
    Está perdida
    Tenha em fé em Deus
    Tenha fé na vida
    Tente outra vez!...

    Beba! (Beba!)
    Pois a água viva
    Ainda tá na fonte
    (Tente outra vez!)
    Você tem dois pés
    Para cruzar a ponte
    Nada acabou!
    Não! Não! Não!...

    Oh! Oh! Oh! Oh!
    Tente!
    Levante sua mão sedenta
    E recomece a andar
    Não pense
    Que a cabeça agüenta
    Se você parar
    Não! Não! Não!
    Não! Não! Não!...

    Há uma voz que canta
    Uma voz que dança
    Uma voz que gira
    (Gira!)
    Bailando no ar
    Uh! Uh! Uh!...

    Queira! (Queira!)
    Basta ser sincero
    E desejar profundo
    Você será capaz
    De sacudir o mundo
    Vai!
    Tente outra vez!
    Humrum!...

    Tente! (Tente!)
    E não diga
    Que a vitória está perdida
    Se é de batalhas
    Que se vive a vida
    Han!
    Tente outra vez!...

    sexta-feira, 14 de agosto de 2009

    RELÓGIOS E BEIJOS - ALVARES DE AZEVEDO

    Quem os relógios inventou? Decerto
    Algum homem sombrio e friorento:
    Numa noite de inverno, tristemente
    Sentado na lareira ele cismava,
    Ouvindo os ratos a roer na alcova
    E o palpitar monótono do pulso.

    Quem o beijo inventou? Foi lábio ardente,
    Foi boca venturosa, que vivia
    Sem um cuidado mais que dar beijinhos...
    Era no mês de maio. As flores cândidas
    A mil abriam sobre a terra verde,
    O sol brilhou mais vivo em céu d'esmalte
    E cantaram mais doce os passarinhos.

    sábado, 1 de agosto de 2009

    "yo soñé esta mañana que me moría"


    SORRY FERNANDA...

    Mudar em educação, por Marcos Rolim


    Falta de educação e coragem os problemas do Brasil são. Todos os indicadores disponíveis demonstram que a situação do ensino público, especialmente, é calamitosa. Pesquisa divulgada esta semana (Saresp) encontrou que 49,8% dos alunos de São Paulo que concluem o segundo grau não possuem a menor ideia do que seja ciência. Observe-se que este contingente já representa uma minoria, pois a maior parte abandonou a escola antes. Outra avaliação, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), já havia situado nosso país no 52º lugar em uma lista de 57 nações quanto aos conhecimentos das disciplinas científicas. O problema possui várias causas como a falta de laboratórios e a precariedade das próprias escolas, mas salta aos olhos a desqualificação dos professores: segundo dados da Capes, apenas 8% dos professores de física e 12% dos de química no Brasil são formados na área.

    Nas demais áreas, a situação não é distinta. Nossos alunos estão entrando nas universidades sem saber escrever uma frase direito e poucos são capazes de citar um livro importante que tenham lido na vida. Todos os semestres, distribuo aos meus alunos no IPA – no primeiro dia de aula – uma lista com dezenas de fotos de pessoas importantes nas áreas da filosofia, da literatura, da música, das artes plásticas, das ciências sociais etc. No meio delas, coloco algumas fotos de “celebridades” – este tipo de gente que frequenta as piores páginas de nossa imprensa pela exata razão de serem “celebridades”. Os alunos não conseguem identificar Gandhi, Martin Luther King, Mandela, Picasso, Dali, Marx, Freud, Darwin, Einstein, Neruda, Carlos Drummond, entre outros tantos. Mas identificam Paris Hilton, o último ganhador do Big Brother e Bussunda. Há algo de assustador nisso. Você comenta sobre um clássico do cinema, ninguém viu; cita uma passagem histórica, ninguém sabe do que se trata; faz referência a um dramaturgo e te perguntam o que é um dramaturgo; pede que os alunos discorram sobre um tema e alguém pergunta o que é “discorrer”. Se imaginou que o acesso à internet pudesse melhorar o nível cultural dos jovens.

    Poderia, mas o que ocorre é que eles não possuem os critérios básicos para separar o que devem acessar. Falta à grande maioria deles precisamente o início, o conceito.

    Adoro dar aulas e tenho a sorte de trabalhar em uma instituição vocacionada pelos direitos humanos que se colocou o desafio de uma educação inclusiva. Nossas universidades, com todos os seus limites, se aperfeiçoam e oferecem uma contribuição extraordinária. O problema da educação brasileira está situado bem antes. Não está no vestibular ou no Enem, está na qualidade do ensino oferecido às crianças e adolescentes da rede pública. Ou investimos pra valer nisto, ou seguiremos condenados ao obscurantismo. Os políticos que temos, os sindicatos, a polícia, a imprensa e as injustiças que temos, tudo começa ou termina na educação. É isso que governo, Cpers e Assembleia Legislativa deveriam ter a coragem de discutir neste momento; o resto é conversa. Precisamos de excelentes educadores. Isto envolve revirar o financiamento da educação brasileira para deslocar a maior parte dos recursos para o Ensino Fundamental. Para que se remunere muito bem o magistério, para que os professores se qualifiquem, para que sejam avaliados e exigidos e para que se premie o mérito, como se espera em uma República.

    marcos@rolim.com.br

    1984 - ORWELL

    ANGELI

    1984

    FAHREINHEIT 451

    sexta-feira, 17 de julho de 2009

    PRA FRENTE BRASIL



    Reconheçam na foto ao lado, ao lado do Carlos Zara e do Reginaldo Farias, a cena é do filme
    PRA FRENTE BRASIL, de 1982, o José Carlos Gonçalves Peixoto da Silva, isto mesmo o Zé da
    Terreira, ou o Zézão ou o Zé do Tambor.
    Ele não é o José Ribamar Ferreira de Araújo Costa.



    Ele É UM ARTISTA GAÚCHO E PRECISA DA NOSSA AJUDA.

    Esta semana o Zé, me ligou. Ele faz niversário em julho agora, é canceriano, vai fazer 65. Está morando na casa do artista Rio­grandense.
    O Zé me contou de um problema que o está afligindo no momento. Seu joelho está velhinho, apesar do Zé se cuidar (não bebe, não cheira e não fuma), seu corpo envelheceu. O Zé não tem renda fixa. Batalha seus trabalhos e bate um tambor na rua pelos movimentos sociais. Depois almoça no Telúrico.
    Pois o joelho do é está deixando o Zé em casa. Ele que gosta tanto de circular pela cidade e filosofa com todos que gostam de conversar com ele.
    O Zé tem conta no banrisul e quem quiser de repente ajudá­lo, não vou aqui colocar nada.
    Procurem qualquer agência e confirmem. Ou visitem o Zé na Casa do Artista Rio­grandense, na Rua Anchieta, 280. Glória (ironia?)

    terça-feira, 23 de junho de 2009

    Will Eisner para todos

    Cineasta Jorge Furtado contesta a origem das polêmicas sobre “inadequação” de obras literárias para estudantes

    Chegou ao Sul a polêmica dos livros ditos “pornográficos” adquiridos pelo Programa Nacional de Bibliotecas nas Escolas (PNBE), do governo federal. Boa matéria de Marcelo Gonzatto em Zero Hora (sexta-feira, 19/6/09, pág. 50) informa que “esta semana, quando chegou uma nova remessa ao Estado, uma escola de Alvorada relatou à SEC que considerava as obras de (Will) Eisner impróprias”. A Secretaria Estadual da Educação, segundo a matéria de ZH, mandou “remover das estantes três livros do autor norte-americano Will Eisner por serem ‘inadequados’ para adolescentes”.

    É uma pena. As obras em questão são três novelas gráficas, em quadrinhos, escritas e desenhadas por Will Eisner. Não li O Jogador, mas afirmo que Um Contrato com Deus (Editora Brasiliense, 1988) e O Nome do Jogo (Editora Devir, 2003) são obras-primas de um grande artista, e seria um grande serviço da escola pública gaúcha disponibilizá-las aos seus alunos.

    A matéria de Zero Hora tem como título uma pergunta: “Pedofilia, estupro e adultério são temas para estudante?”. Minha resposta é sim, é claro que são. É óbvio que cada livro deve ser adequado a idade do aluno, ninguém pensaria em sugerir a leitura de Sade ou Pierre Louys a crianças, mas afirmo que os livros de Will Eisner são totalmente adequados a adolescentes. Mais que adequados, necessários. A ideia de que um assunto deva ser sonegado aos estudantes contraria qualquer noção pedagógica, além do bom senso. “Saber sempre é bom”. Familiarizados com temas como a pedofilia, o estupro ou o incesto, jovens brasileiros talvez possam se sentir mais aptos a evitá-los ou mais encorajados a denunciá-los. É para isso, para aprender sobre nós mesmos, que existe a literatura e a arte, divulgá-las é função da escola.

    A polêmica do livros “pornográficos” anda rebaixada, como quase todo o debate público, pelo astigmatismo ideológico que “politiza”, na pior acepção da palavra, qualquer conversa. Em São Paulo foram os petistas que caíram de pau no governo Serra por distribuir livros “pornográficos”. Will Eisner, Manoel de Barros e outros depravados foram citados por gente furiosa, que pedia que o governo estadual paulista gastasse dinheiro com “literatura de verdade”. Aqui a crítica parece que mira o governo federal e o MEC, que comprou os livros. Quase todos os críticos falam das obras “em tese”, informam “não ter lido” mas... José Serra, sem ler, afirmou que as obras eram “de baixa qualidade”, e o governo gaúcho “não descarta recorrer a uma medida judicial para impedir a distribuição” dos livros.

    Sugiro aos interessados que, para começar, leiam os livros. Garanto que são de altíssima qualidade e, ao contrário do que afirma a secretária Mariza Abreu, a obra de Will Eisner não “estimula a erotização, o comportamento agressivo” e muito menos “uma percepção inadequada das relações afetivo-sexuais”, ao contrário. A obra de Eisner, assim como a Bíblia, Shakespeare, Machado de Assis, Cervantes, ou a obra de qualquer grande autor, utiliza os temas fundamentais que animam o espírito humano, incluindo aí crimes e pecados. Tratar temas como agressão, adultério ou pedofilia não significa “incentivar” a agressão, o adultério, ou a pedofilia. Significa conhecê-los. Não é esta a função da escola?

    * Cineasta, dirigiu, entre outros, “O Homem que Copiava” e “Saneamento Básico, o Filme”

    JORGE FURTADO * zero hora de 22/06/09

    Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul censura livros e proíbe debates


    Uma Censura Equivocada

    Causou-me estranheza e ao mesmo tempo revolta, o fato de ler estampado em Zero Hora notícia sobre atitude da Secretária de Educação do Rio Grande do Sul contra as publicações alcançadas pelo MEC às bibliotecas de escolas públicas brasileiras, entre elas as bibliotecas gaúchas. Tratava-se de uma “recomendação para retirada das prateleiras” dos livros Um Contrato com Deus e Outras Histórias de Cortiço, O Nome do Jogo e O Sonhador, todas de autoria de Will Eisner.

    São contos em quadrinhos e, talvez, a interpretação, dada pela Secretária, de que o material seria inadequado para os adolescentes para ser usado como material nas escolas porque estimularia a erotização, o comportamento agressivo e uma percepção inadequada das relações afetivo-sexuais entre adolescentes se deva justamente à força expressiva e realista que Eisner empregou em sua obra, o que já lhe rende alguns pontos. Tratou-se, portanto, de uma “leitura” simplista da obra e demonstra que sequer se observou o contexto das ações, seus personagens, a temporalidade e o texto enxuto, que traz um lirismo objetivo e racional, próximos ao realismo Machadiano ou naturalista de Aluísio de Azevedo.

    É sob esse aspecto, que a censura às obras deve ser contestado. Não apenas pela negação ao acesso a uma obra artístico-literária, mas pelo que representa em termos de possibilidades de debate e enriquecimento do ambiente pedagógico a comparação, por exemplo, entre os contos presentes em O contrato com Deus e os capítulos de O Cortiço. Seres humanos bestificados e que transformam seus desejos primitivos na força motriz de suas ações de sobrevivência numa sociedade em formação pode ser a síntese de ambos.

    No conto que dá nome ao livro, o que é a ganância imobiliária executada pelo imigrante judeu Frimme Hersch e sua amante, no Bronx em plena recessão americana, senão a mesma ensandecida busca de riqueza e status do português João Romão e Bertoleza nas lamacentas ruas cariocas do final do século XIX? Em O Zelador, há sim pedofilia. Porém com mais singeleza e sutileza que a encontrada em Lolita, de Vladimir Nabokov e que passeia livremente pelas prateleiras de qualquer biblioteca escolar. Eisner, no entanto, mostra a crueldade e poder de sedução de Rosie, que convence Scuggs a pagar para vê-la seminua e em seguida envenena seu cão e rouba-lhe o dinheiro. Ao perseguir a menina, o zelador acaba encurralado e finalmente livra os moradores de sua presença, tomando a mesma atitude de Bertoleza, ao se descobrir escrava novamente.

    Apenas a exploração destes livros nas aulas de Literatura e entre alunos do Ensino Médio já promoveria uma série de elementos para debate e produção de textos. Pois o vigor criativo dos autores transita entre o grafismo e as letras, tendo como mesma ferramenta o lápis. E isto, para os adolescentes, seria como optar entre ler o manual ou jogar um game. Ou seja, ambos se complementam e a opção entre um e outro vem de uma escolha pessoal. Justamente o que acontece em O Sonhador, outra obra censurada, cujo personagem central muitos adolescentes se identificariam. Ali, um jovem desenhista enfrenta muitas dificuldades em busca de espaço para seu trabalho, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.

    A censura às obras é um equivoco e a reparação pode estar no desafio de incluí-las nos projetos pedagógicos das aulas de Literatura, pois o lirismo e arte de Will Eisner não podem ser desperdiçados.


    Professor de Literatura, Língua Portuguesa e Inglês - Especialista em Direitos Humanos.